quinta-feira, maio 25, 2006

A Censura Inerente aos Sistemas Repressores.

Ministério Público ficou sem acessar sistema de segurança no período em que a polícia reagiu aos ataques do PCC

Para promotores, medida foi uma "censura" do secretário Abreu Filho aos que investigam as mortes em ações policiais

Governo bloqueia dados para Promotoria.

MARIO CESAR CARVALHO DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Estadual ficou uma semana sem ter acesso aos dados do sistema de informações criminais da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o Infocrim. O bloqueio durou da última quarta-feira até a manhã de ontem.
Se pudesse consultar o Infocrim, uma base de dados que registra em tese os crimes ocorridos na Grande São Paulo e os respectivos boletins de ocorrência, os promotores poderiam ter elaborado por conta própria a lista das vítimas nos supostos confrontos da polícia com integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).Vence hoje o prazo de 72 horas dado pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, para que a Secretaria da Segurança Pública forneça a lista com o nome das vítimas.
O Ministério Público ficou sem acesso ao Infocrim nos dez pontos na cidade de São Paulo em que o sistema pode ser consultado. Esses dez terminais de computador estão na sede da Promotoria, na região central, e no fórum criminal da Barra Funda, na zona oeste.Cinco promotores ouvidos ontem pela Folha, sob a condição de que seus nomes não fossem revelados, contaram que era possível acessar a porta de entrada do sistema, mas, quando se tentava fazer a consulta, aparecia a mensagem de erro.
A alegação da Secretaria da Segurança Pública era que o erro ocorrera porque havia um congestionamento no sistema por causa do elevado número de acessos a base de dados.
A reportagem da Folha, porém, consultou três delegacias entre ontem e anteontem e nenhuma delas relatou problemas de acesso ao Infocrim.
O Infocrim voltou a funcionar na Promotoria um dia depois de o procurador-geral ter se encontrado com o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e com o governador Cláudio Lembo.Oficialmente, o Ministério Público não comenta o "apagão" do Infocrim. Promotores ouvidos pela Folha classificam a medida como "censura" do secretário Abreu Filho aos que defendem uma investigação rigorosa das mortes nos supostos confrontos com a polícia. Há a suspeita de que a polícia possa ter matado inocentes. A secretaria reduziu anteontem o número de vítimas ligadas ao PCC de 110 para 79.O corte das informações do Infocrim para os promotores faz parte de uma escalada de restrição às informações sobre os mortos da última semana. No último sábado, a Folha revelou que Abreu Filho mandara centralizar em seu gabinete os dados que serão usados para elaborar os laudos do IML.A recusa do secretário de fornecer a lista de mortos também faz parte desse movimento.
O braço-de-ferro entre Abreu Filho e Pinho tem antecedentes. O secretário ficou enfurecido quando Pinho encaminhou ao Tribunal de Justiça uma acusação formal contra ele por abuso de autoridade. O abuso teria ocorrido quando o secretário chamou agentes de um grupo de elite da polícia para resolver um congestionamento em que ele estava num sábado, em maio de 2005.
Um sócio de um restaurante e um manobrista foram algemados e levados a uma delegacia. Depois, descobriu-se que o congestionamento fora provocado por cones colocados pela CET para sinalizar uma festa de Pentecostes.
Abreu Filho tentou dar o troco a Pinho ao apoiar dois de seus adversários na eleição para procurador-geral. Ele apoiou inicialmente Carlos Mund (que ficou em terceiro na disputa). Depois, fez lobby junto ao então governador Geraldo Alckmin para dar posse ao segundo colocado -Luís Daniel Pereira Cintra. Perdeu novamente -Alckmin reconduziu Pinho ao cargo.

Notícia publicada na Folha de São Paulo dia 25/05/2006

quarta-feira, maio 17, 2006

Os Fantoches do Jabor e o "nosso" País.

É muito fácil apontar culpados para tudo que aconteceu em São Paulo nessa última semana. Digo semana pq todos esses atentados já eram de conhecimento de alguns membros da imprensa e da própria polícia dias antes de eles serem, de fato, consumados.
Tudo que aconteceu não me assustou, não me surpreendeu e não me deixou mais pessimista. Não me assustou pq eu não tenho memória curta, relembrei de massacres como o de Eldorado dos Carajás, os meninos da Candelária, os mendigos assassinados em São Paulo alguns anos atrás. Isso só pra ficar em alguns exemplos.
Não vou entrar no sensacionalismo, nem de um lado nem de outro. Não gosto da polícia, mas não acho nem um pouco legal o q houve, afinal de contas matar políciais e matar bandidos não tem diferença, são vidas humanas do mesmo jeito.
Não será construindo novas cadeias q isso vai mudar, não será instaurando a pena de morte q isso vai mudar, não será instalando bloqueadores de celular nas prisões que isso vai mudar, não será aumentando a repressão nem instalando presídios como os americanos q isso vai mudar.
Não haverá mudança enquanto não houver vontade política e da opinião pública de mudar, de fato. Isso exige pressões para mudança de leis, passa por um congresso menos preocupado com CPI´s inúteis e interesses excusos, continua por uma imprensa mais responsável (pq imprensa independente não existe), e principalmente; passa por um povo q não aguenta esse tipo de coisa calado como cordeirinho, acreditando em tudo que o William Bonner e a Revista Veja falam.
Infelizmente isso é difícil de acontecer. Uma amiga me fez uma pergunta hj q me fez pensar: Pq os Jovens de hj não vão pras ruas protestar como era feito nas décadas de ditadura? Uma das respostas principais, é pq a juventude de hj é muito mais ignorante.
A classe política é inoperante, corrupta e desinteressada pelo bem do país (a não ser qdo isso vai de encontro aos interesses dos seus “padrinhos”), a imprensa é um cabide de empregos para “jornalistas” que são apenas instrumentos para interesses políticos e das grandes corporações, e o povo é apenas massa de manobra (que compra a prestação nas Casas Bahia e sempre vai dormir depois da Novela das 8). Não há horizonte de mudança com este cenário.
Vejo todos os dias críticas a Lula, a Fidel, a Hugo Chavez, ao governo Boliviano... na maioria das vezes as pessoas nem sabem do que estão falando. É nessas horas que vejo direitinho as cordinhas nos fantoches. À noite eles assistem aos “debates políticos” no Programa do Jô (Arrrrrghhh!) e deliciam-se com as falas do maior intelectual brasileiro de todos os tempos: Arnaldo Jabor. Pronto... no outro dia aparecem na minha frente com as cordinhas de fantoche, repetindo todas as besteiras que ouviram um dia antes. A coisa é triste.... assistir Arnaldo Jabor e Jô Soares é sinônimo de politização.
Novos massacres acontecerão, novos crimes chocarão o país, novos “monstros” aparecerão no Datena com a cabeça coberta, de novo os políticos do PFL (pensei q nunca fosse ver isso) clamarão pela saída do presidente imoral, mais uma vez assistiremos a desabafos de parentes das vítimas na TV, e novamente... depois de alguns dias voltaremos à Sapucaí para ver o maior espetáculo da terra... e ainda tem a Copa do Mundo!
E assim caminha o “nosso” país.

PS.: Não fique triste se vc é mais um fantoche do Jabor.... existem milhões como vc.