* Este artigo eu escrevi em 2003, após o ataque aos trens na espanha, que matou dezenas de pessoas. Não consegui escrever nada sobre o GENOCÍDIO NAZISTA que Israel vem fazendo no Líbano, então fica este artigo. Tomara que ele consiga passar o tamanho da minha indignação.
Estamos numa guerra contra o terror não? Buscando os responsáveis pelas ameaças a nosso modo de vida, à nossa tão cultuada democracia.
Sim, não sabemos bem o que é democracia; mas por ela podemos ignorar a ONU e a opinião pública mundial e fazer guerras contra civis esfomeados que não tem o que comer, nem o que vestir, muito menos como se defender.
Nos perfilaremos atrás da grande águia de olhos azuis, e vamos defender a barbárie israelense. Vamos apoiar a construção de um muro que separa a Palestina de Israel, por que seria esse muro diferente do muro de Berlim? Na verdade não sabemos, mas apoiamos. Vamos concordar com o exército israelense quando ele entra diariamente em território palestino e destrói casas civis, atira em crianças e pratica o seu genocídio em pequenas doses diárias pela nossa tão bem falada democracia.
Afinal o Terror é o responsável por nossas tragédias. É ele o responsável pelas milhares de crianças que passam fome no nosso mundo democrático, é ele o responsável pela grande corrupção no mundo ocidental, é ele o responsável pela enorme recessão que a águia branca tem de lidar todos os dias, o responsável pelo enorme desemprego e violência na nossa sociedade. Ele é o perfeito demônio que precisamos exterminar.
Vamos logo acabar com todos eles, assim acabaremos com o terrorismo, afinal de contas eles se vestem igual, falam todos a mesma língua ininteligível, têm todos péssimos hábitos como não usar camisetas do Hard Rock Café, não tomarem Coca Cola e não comer os deliciosos frangos químicamente maltratados do KFC; essas coisas não admitimos. Vamos fechar nossas portas a todos os árabes, ou descendentes, ou que tenham alguma semelhança com eles. É claro que os que tiverem situação financeira melhor serão privilegiados, pois o dinheiro abre portas, principalmente o Dólar.
Já bombardeamos o Iraque e o Afeganistão, podemos escolher outro país. Quem sabe a Síria ou o Irã, ou até a Arábia Saudita, se nos encherem muito o saco. É fácil, afinal não precisamos da ONU ou da opinião de ninguém, precisamos só inventar alguma desculpa estúpida como as armas de destuição em massa que nunca foram achadas. A imprensa é como um filhotinho de gato, brinca o dia inteiro com o novelinho de lã e depois esquece.
Não nos importam quantos palestinos são assassinados brutalmente todos os dias, ou quantos matamos no Iraque, ou no Líbano, ou no Irã. Não nos importamos em matar mais de 140 mil pessoas só nas duas guerras contra o Iraque, sem falar nos palestinos.
Na verdade o que nos choca é a morte de cerca de 2500 pessoas no World Trade Center e de 200 pessoas no atentado na Espanha. Essas sim é que importam. São cidadãos que pagavam impostos, cidadãos que enchiam o Madison Square Garden para ver os jogos dos New York Knicks, que iam ao estádio ver os jogos do Real Madrid. cidadãos que entendem do mundo moderno, que assistem aos nossos desfiles de moda, que se enchem de boçalidade vendo as nossas TVs, cidadãos que votam em nossos grandes políticos.
Que importa matar 140, 500 ou 900 mil árabes? Eles não são civilizados, não compram nossos carros, não tem Internet em casa, não colaboram para o crescimento de nossa imdústria de armamento (a não ser quando vamos lá matá-los); enfim, a vida deles não tem o mesmo valor que a nossa. Eles, quando morrem; não têm velas acesas ou flores deixadas por outras pessoas em solidariedade, não têm canais de TV no mundo todo chorando e mostrando imagens de seus familiares, amigos e autoridades chorando e condenando quando morrem, não tem memoriais, as datas de suas mortes não ficam conhecidas como "11 de setembro", ou seja, eles não tem nada, não são nada.
Vamos exterminá-los, sendo terroristas ou não, assim nosso mundo será perfeito, livre desses malucos sem nenhum propósito que enchem seu corpo de explosivos e entram num prédio e se detonam.
Depois de acabarmos com os árabes, podemos continuar com nossa política repressiva contra Cuba, com o desumano embargo econômico que faz seu povo amargar a fome e miséria. Podemos continuar assistindo de camarote aos milhoes que morrem de fome na África todos os anos, sem fazer absolutamente nada. E continuar aplaudindo os nossos geniais milionários que cultuam seus zilhões passando por cima de milhares de inocentes.
Estaremos mais livres ainda para fazer o milagre da multiplicação de dólares nos cinemas usando o nome de Jesus Cristo. E quem sabe um dia, poderemos talvez exterminar os negros, os homossexuais e os aleijados. Aí sim seria perfeito o nosso mundinho tão pequeno. Afinal de contas acabariam os crimes (negros), a corrupção da família (homossexuais), o perigo do desconhecido (árabes) e a doença (aleijados); aprendemos bem com Hitler, apesar de negarmos. Bem, continuaríamos convivendo com os orientais, mas pelo menos eles gastam dinheiro conosco e consomem o que nós consumimos.
Esta é a mensagem que nos é passada pela nossa mídia todos os dias, cabe a nós acreditarmos nela ou não. Infelizmente a maioria acredita. Daí o abuso na cobertura da mídia das demonstrações de resignação quando deste atentado na Espanha, como no Atentado ao World Trade Center. Demonstrações, memoriais, lembranças e discursos inflamados que não são feitos pelas crianças palestinas, pelo genocídio civil no Iraque, contra o embargo desumano contra Cuba, contra o avanço da AIDS e da fome na África. As lágrimas americanas ou espanholas não tem mais valor que as outras.
Pra terminar, gostaria de deixar duas frases para reflexão. Mas se quiser refletir sobre o paredão do Big Brother, a escolha é sua:
“Em cada mil pessoas podando os galhos do mal há uma tentando arrancá-lo pela raiz, e é bem possível que aquele, que dedica a maior parte de seu tempo e dinheiro socorrendo os necessitados, esteja contribuindo com seu modo de vida para gerar a mesma miséria que se esforça em vão por aliviar.”
Henry David Thoreau (1817-1862) - Walden ou a Vida nos Bosques
“A verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é. A propriedade privada esmagou o verdadeiro individualismo e criou um individualismo falso. Impediu que uma parcela da comunidade social se individualizasse, fazendo-a passar fome.”
Oscar Wilde (1854-1900) - A Alma do Homem sob o Socialismo
segunda-feira, julho 31, 2006
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2 comentários:
Li recentemente um artigo sobre a tentativa de Israel em dar apoio nacional ao Hezbolá, assim como demonstrar o apoio da população à esse movimento.
A explicação: Israel faz parte da Convenção de Viena. O Hezbolá não.
Israel como Estado não pode atacar indiscriminadamente civis como vem fazendo se justificando a partir de um princípio de agressão mútua. É proibido pelo próprio tratado que Israel ajudou a criar.
Não é certo que o Hezbolá ataque os civis de Israel. Mas Israel não pode de modo algum responder da mesma maneira.
Só pra constar; As idéias não são minhas, mas eu as achei muito interessantes. A ponto de agora elas fazerem parte do meu ponto de vista.
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Sobre o título: já leu "porque devemos sustentar os surfistas"?
Abraço
Outro dia estava conversando sobre isso em casa pois acabara de ouvir um "customer" me dizer que se lixava para a guerra do Iraque, uma vez que aquele povinho vive em guerra desde que o mundo é mundo.
Bom ponto de vista, não? Lavar as mãos é fácil! Nem que seja com sangue.
Eu tentei executar a falácia de me colocar na papel de um americano (subtraindo meu QI consideravelmente!) para imaginar o que pensou alguém que propôs a criação do estado de Israel.
Será que eles pensaram que criando um novo estado e dizendo que pertencia à terceiros, a briga entre 3 povos pelo dominio da região acabaria? Será que pensaram em oportunidade de mercado bélico?
Será que eles sabiam o que estavam fazendo?
Mas como eu disse, tentei me colocar no papel de um americano no pós segunda guerra mundial, mas é díficil... Humanamente complicado
Sua argumentação é muito rica. Mas o que será de nós sem fast food, o Discovery Channel, sem os tênis Nike, e toda essa coisa ridicula chamada consumismo? O mundo conseguirá voltar atrás?
As atrocidades causadas pela prepotência de alguns está nos levando para o Armagedon, para a extinmção da raça humana. Isto quer dizer, que se sobrar apenas US no mapa, a raça humana acabou... só a escória sobreviverá.
Mas se uma III guerra estourar, os alvos mais fáceis são obesos recheados com lixo do burguer king. Não errarei nenhum tiro!
Namaste,
Wil
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