Bolívia vai estatizar energia, ferrovias e telecomunicação
SÃO PAULO - O governo boliviano anunciou ontem que vai assumir o controle de empresas dos setores de energia, telecomunicações e ferroviário no país, assim como fez no setor de gás e petróleo. A decisão afeta grupos da Itália, do Chile e dos EUA, que controlam as empresas, além de investidores bolivianos. Não foram dados detalhes de como será o processo de estatização.O governo não deu uma data para efetivar a " bolivianização " , termo usado pelo ministro do Planejamento, Carlos Villegas. Disse apenas que iria estudar o modo de encampar as ações necessárias para assumir o controle das empresas, que haviam sido privatizadas nos anos 90. Segundo o ministro, formas " não onerosas ao Tesouro " serão usadas nesse processo. " O importante é que teremos 51% das ações em favor do Estado. "
No setor de telecomunicações, será estatizada a maior empresa do país, a Entel (Empresa Nacional de Telecomunicaciones), controlada pela Telecom Italia. No setor elétrico, a Corani, controlada pela americana Duke, a Guaracachi, de capital britânico, e a Valle Hermoso, controlada por investidores bolivianos. Essas três empresas respondem por 60% da geração de eletricidade no país. E no setor de ferrovias, serão estatizadas a Andina, controlada por capital chileno, e a Oriental, da americana Genesee & Wyoming, o que inclui a linha ferroviária que liga Santa Cruz, a principal cidade boliviana, ao Brasil.
Essas empresas terão 48% de suas ações, atualmente administradas por fundos de pensão locais, revertidas para o Estado. " Vamos comprar mais ações, 2% ou 3%, para que tenhamos 51% de todas as empresas " , disse o ministro. Entretanto, ele acrescentou que essa compra seria feita de modo a não criar " uma carga onerosa " ao Tesouro boliviano. Não está claro o que isso significa. Villegas afirmou que o mesmo método usado para nacionalizar as empresas petrolíferas Andina, Chaco e Transredes deve ser usado. Se ele repetir o que fez no setor de gás e petróleo, isso significaria a tomada do controle antes, com a nomeação de diretores e funcionários-chave, e negociação quanto ao preço depois. Nenhuma das empresas afetadas pelas medidas quis se manifestar antes de " tomar conhecimento dos detalhes do plano do governo " , segundo porta-vozes. O governo afirmou que o plano de " bolivianização " dos setores estratégicos não inclui o Lloyd Aéreo Boliviano (LAB), empresa que tem dívidas de mais de US$ 170 milhões e que atravessa atualmente uma grave crise financeira.
Todas as medidas anunciadas fazem parte do Plano Nacional de Desenvolvimento 2006-2010, apresentado em linhas gerais na sexta-feira pelas autoridades bolivianas. Com o plano, o governo socialista do presidente Evo Morales se compromete a criar 100 mil novos empregos por ano, a alfabetizar 1,3 milhão de bolivianos também por ano e a lançar o programa " hambre cero " (fome zero). Lideranças empresariais criticaram o plano dizendo que ele não detalha como colocará em prática medidas de tão difícil alcance.A factibilidade de qualquer plano do governo depende, no entanto, do resultado da eleição da nova Assembléia Constituinte, no dia 2 de julho próximo. (1)
Seria essa uma saída? Reestatizar?
Para muitos isso soa como retrocesso, mas qual o retrocesso maior do q a fome, o analfabetismo, a violência e a falta de perspectiva?
A Bolívia é o país mais pobre da AL, e provavelmente as privatizações por lá foram feitas mais ou menos do mesmo jeito do q aqui no nosso Brasil.
Sei que muita gente não lembra, inclusive a cambada de ignorantes q hj xinga Lula sem ter idéia do q fala, mas as privatizações do governo Fernando Henrique foram uma das coisas mais vergonhosas da história de nosso país.
Verdadeiras potências como a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional e outras não menos importantes como a Telesp, a Telebrás, o Banespa, a Embratel, Telemig e a Telebahia; foram dadas a "investidores" quase q de graça, pois todas elas tiveram somente a parte lucrativa vendida, algumas como a Companhia Siderúrgica Nacional, foi vendida com um total de 150 milhões de dólares em caixa... qual o preço dela? 300 milhões de dólares. Isso sem contar q após a conclusão da privatização, o Governo FHC autorizou o BNDES a emprestar mais dinheiro para investimentos.
Onde estariam, pois, as vantagens da liquidação apressada e considerada até irresponsável do patrimônio do povo brasileiro?
"Entre 1995 e 1997, a Telebrás obteve, junto ao BNDES, um total de 3,2 bilhões de dólares, a fim de zerar as suas obrigações financeiras, na fase de apronto para a privatização, concluída em 1998. Depois de transferidas as suas empresas para o capital estrangeiro, o BNDES concedeu-lhes mais 3,2 bilhões para investimentos na expansão do sistema de telefonia." (2) Ou seja... foi vendida sem dívidas e os "investidores" ainda obtiveram mais 3,2 bilhões de dólares (BILHÕES DE DÓLARES!) para investir após terem comprado a empresa.
"Doze das atuais controladoras do setor elétrico e 13 do setor de telecomunicações obtiveram 7 bilhões de dólares para aquisição de outras unidades de ambos os setores. Os compradores das teles, das hidrelétricas até aqui privatizadas (diga-se internacionalizadas) e do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), vendido recentemente ao Santander por pouco mais de 3 bilhões de dólares, aí incluído o tal do ágio, vão receber de volta um bolo de mais de 6 bilhões de dolares de imposto de renda sobre o ágio que a União obteve nos leilões." (2)
Vamos falar sobre "investidores", em sua maioria parentes ou amigos de pessoas do alto escalão do governo daquela época, genros de FHC ganharam sua parte tb, procure saber onde eles trabalham e vc terá a sua resposta. Empresas q fizeram doações vultosas à campanha de FHC para a reeleição (Outro episódio vergonhoso, mas que ninguém lembra), tb tiveram MUITA sorte nos leilões mais vantajosos das Privatizações.
E o pior de tudo, toda a parte podre de todas as estatais q foram dadas de graça pelo GOVERNO DO PSDB ficou para os cofres do próprio governo pagar, ou seja nós. Não é à toa que durante o governo FHC, a dívida pública brasileira deu um salto de 300 % somente nos últimos 4 anos de mandato. Além de enganar o povo brasileiro, o governo do PSDB, que tanto fala em trabalho e contas enxutas, arregaçou com os cofres do Brasil.
Mas o q mais me deixa revoltado é ver esse bando de gente q fez tudo isso com o "nosso" país pregando a moralidade, a honestidade, o trabalho e querendo o seu voto de novo.
(1) Publicado no Jornal Valor Econômico de 20/06/2006
(2) Artigo de Alvaro de Queiróz, publicado na Folha de São Paulo em 2001.
terça-feira, junho 20, 2006
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4 comentários:
Nada como estrear os comments deste post.
SUSPEITEI DESDE O PRINCIPIO
huauhahuahua
Se não me engano na Bolívia também existe o problema do latifundio, não?!
Se não me engano, estatizado ou não, os lucros nunca são revertidos ao povo (dono incontestável de tais riquezas)...
Na época da revolução bolivariana nem existiam tantos problemas, e os apontados naquela época continuam sem solução. Como eu sempre digo: Êta mundão bão de acabá!
Pq vc ta falando mal da Bolívia hein?!?!
Assinado: Bolívia
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